quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Primeiros Tempos da Nossa Bauru - II

Em fins de 1993, tivemos a oportunidade de editar, pela Secretaria Municipal de Cultura, com o apoio de várias empresas do nosso comércio e da nossa indústria, o folheto intitulado "Os Primeiros Tempos da Nossa Bauru", por intermédio do qual narramos parte da história da cidade, iniciando pelos acontecimentos surgidos a partir de meados do século passado e chegando aos anos 20. Nesta publicação - a segunda - damos prosseguimento a este trabalho de preservação e divulgação dos fatos do passado, abordando os principais lances históricos, desde a década dos 20 até fins dos anos 30, fases essas das mais importantes para nossa Bauru, com a implantação de incontáveis benefícios que serviram para alicerçar o progresso sempre contagiante da "Sem Limites". Em 1912, na gestão do prefeito José Carlos de Freire Figueiredo, foi implantado o primeiro serviço de abastecimento de água, cujo reservatório estava localizado em terreno hoje de propriedade do BTC, do lado da rua Antônio Alves com a Cussy Júnior. Todas as obras foram planejadas pelo engenheiro Saint Martin e a empresa tinha a denominação de Cia. de Água e Esgotos de Bauru. No que tange à pavimentação da cidade, em 1923 as nossas autoridades começaram a pensar seriamente no início do serviço, cujo benefício aconteceu a partir de 1924, face à aprovação, no Legislativo, no dia 29 de outubro de 1923, da autorização do prefeito José(Juquinha) Gomes Duarte, para publicar o edital de concorrência do sarjeteamento e calçamento das principais artérias bauruenses. Gérson França, um dos vultos da política de Bauru, foi vereador, e prefeito de 7 de janeiro de 1905 a 15 de janeiro de 1909, depois de deixar a vida pública e aqui encerrar as suas atividades profissionais (era farmacêutico), mudou-se para São Paulo, onde veio a falecer em 14 de abril daquele ano. Foi no dia primeiro de agosto de 1926 que a comissão organizadora do Bauru Tênis Clube realizou uma Assembléia Geral para eleger a primeira diretoria, que teve como o seu presidente inicial o médico Gerônimo de Cunto Júnior. Um dos mais importantes fatores para o progresso da terra bauruense foi a chegada, no dia 6 de setembro de 1927, do então 4º Batalhão de Caçadores(hoje 4º BPMI), que passou a colaborar com os poderes constituídos da cidade em prol da ordem e da disciplina. Foi ainda em 1927 que Bauru prestou as derradeiras homenagens ao poeta Rodrigues de Abreu, que aqui faleceu no dia 24 de novembro daquele ano. Nascido na cidade de Capivari, em 27 de setembro de 1897, na Capital da Terra Branca ele escreveu os seus mais belos poemas. Em primeiro de janeiro de 1928, graças à chamada Lei Eloy Chaves, foi instalada a Caixa dos Ferroviários da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, entidade que prestou relevantes serviços aos funcionários daquela via férrea(hoje integrante da RFFSA), inclusive financiando residências, pela Tabela Price, para pagamentos até 20 anos. O ano de 1928 continuou a ser dos mais influentes para os bauruenses, face à inauguração, naquele ano, do hospital da Sociedade Beneficência Portuguesa, acontecimentos esse que trouxe incontáveis benefícios ao setor da saúde de nossa cidade e região. A vida política bauruense foi sacudida no dia 5 de abril de 1929, quando da visita do então presidente do Estado de São Paulo, Júlio Prestes de Albuquerque, o qual em 1930, venceu as eleições para presidente do Brasil, mas foi impedido de tomar posse por Getúlio Vargas que, naquele ano, assumiu o poder, através de uma vitoriosa revolução, como ditador(ele ficou frente aos destinos do Brasil, de 1930 a 1945, quando então foi deposto). Ainda em 1929, mais precisamente no dia 11 de julho, a nossa gente sofreu um rude golpe, ou seja, o assassinato do prefeito José(Junquinha) Gomes Duarte, em plena rua Batista de Carvalho(frente onde hoje está a Modelar). Por duas vezes ele dirigiu os destinos de Bauru e em sua homenagem uma das vias públicas da "Sem Limites" tem o seu nome(rua Capitão Gomes Duarte).Quanto ao lazer, em 2 de outubro de 1929 Bauru ganhava mais um cinema, ou seja, o Cine Brasil, que funcionou durante algum tempo na quadra sete da Primeiro de Agosto, quase defronte ao atual Banco do Brasil. Em meados dos anos 30, após ficar fechado para reforma, quando se preparava para ser reinaugurado, um incêndio destruiu parte de suas instalações e aquela casa de espetáculos acabou sendo desativada. Corriam tranquilos os primeiros meses de 1930, quando os bauruenses receberam importante notícia, ou seja, a inauguração oficial da primeira ligação interurbana de Bauru para São Paulo, que foi feita no dia 2 de abril de 1930. Era prefeito o dr. Eduardo Vergueiro de Lorena e, vice, o sr. Ernesto Monte. Em 24 de outubro de 1930 a nossa população assistiu a dois trágicos acontecimentos, ou seja, o empastelamento de dois jornais: "Correio de Bauru", que funcionava na esquina da 1º de Agosto com a Virgílio Malta, e o "Diário da Noroeste" que se localizava na Rodrigues Alves, confluência com a Rio Branco. Esses dois jornais, durante a Revolução de 30, foram contrários a Getúlio Vargas, razão porque os seus adeptos, quando do fim daquele movimento revolucionário, tomaram aquela atitude. Na vida esportiva, a cidade ganhava, em 21 de julho de 1931, um importante benefício, isto é, o nascimento da Federação Bauruense de Futebol. Posteriormente recebeu a denominação de Liga Bauruense de Esportes e, hoje, é a LBFA. Quanto às atividades comerciais, salientamos que no dia 2 de abril de 1931 foi fundada a então Associação Comercial, hoje também Industrial. Exatamente em 17 de outubro de 1931, dia dos mais importantes para o mundo católico bauruense, teve início a construção da igreja de Santa Teresinha, corajosa iniciativa para a época, do padre João Van der Hulst, vigário da cidade. Face a falta de apoio das autoridades ligadas ao esporte, vários jovens tomaram a iniciativa de fundar o Clube Atlético Bauruense, entidade voltada unicamente ao atletismo, cuja primeira apresentação aconteceu no dia 24 de outubro de 1931. No setor musical, pasmem os bauruenses, já tivemos uma Orquestra Sinfônica, que fez a sua estréia em 3 de novembro de 1931 quando, sob a direção do maestro Guilherme Barberi, 33 músicos ganharam muitos aplausos do grande público que prestigiou aquela noitada festiva. Em 1931 o jornalista-historiador José Fernandes fundou o "Correio da Noroeste", jornal que teve presença marcante para o desenvolvimento de nossa cidade. Foi, sem dúvida nenhuma, um dos baluartes da imprensa da antiga Capital da Terra Branca, com inúmeras iniciativa e campanhas que trouxeram muitos benefícios ao nosso povo. No campo hospitalar, Bauru ganhava, no dia 21 de fevereiro de 1932, mais um benefício, ou seja, a inauguração da Casa de Saúde São Lucas, que se localizava na avenida Rodrigues Alves confluência com a rua Gérson França, cujos responsáveis eram os médicos Alípio dos Santos, Rodrigues Costa e Sylvio Miraglia. Em 20 de setembro de 1932, novamente o setor político foi abalado com o empastelamento do jornal "A Tribuna Operária" que, durante a Revolução que aconteceu naquele ano, teria se voltado contra o clero e os sentimentos religiosos e patrióticos do povo paulista. Quanto à Igreja Presbiteriana de Bauru, foi exatamente no dia 15 de outubro de 1933 que aconteceu a assembléia para a organização da sua primeira mesa administrativa. Com a movimentação dos comerciários, no dia 1º de janeiro de 1934 foi fundado o Sindicato dos Empregados no Comércio, cuja presidência, em fins daquele ano, era ocupada pelo empresário Mário Ramos Monteiro. Graças ao pioneirismo de João Simonetti, parte da população que possuía rádios receptores, a partir do dia 8 de março de 1934, passou a ouvir músicas e algumas mensagens transmitidas pela emissora bauruense PRC-8(depois PRG-8) Bauru Rádio Clube, em caráter experimental, acontecimento de grande importância inclusive para a região. Na qualidade de empresário que abriu caminhos na área de comunicação em nossa cidade, nos anos 50 Simonetti trouxe para Bauru a primeira emissora de televisão a funcionar em cidades do interior de toda a América do Sul. No dia 21 de abril de 1934 circulava o primeiro número do antigo jornal "Folha do Povo", que tinha como proprietário o jornalista José Lúcio da Silva. Posteriormente, mais precisamente a partir de abril do ano seguinte, Paulino Raphael passou a participar da direção daquele veículo de informações. A vida educacional bauruense, quando era prefeito de Bauru o major Antônio G. Fraga ganhou, no dia 11 de agosto de 1934, um dos seus maiores benefícios com a criação do Ginásio do Estado pela lei nº 6601. Na parte esportiva, o lusitana F.C.(hoje Bauru A.C.) inaugurava o seu estádio onde atualmente funcionam as instalações do tradicional grêmio alviceleste. Para comemorar, em 19 de agosto de 1934, trouxe o Lusitana a Bauru o São Paulo F.C., da Capital, para um jogo, perdendo o onze de Vila América por 8 a 1. Outra vez a vida política bauruense foi palco de uma tragédia que teve repercussão nacional. Plínio Salgado, o comentado líder integralista visitava Bauru no dia 3 de outubro de 1934 quando, em uma passeata pela rua Batista de Carvalho, a comitiva foi atacada pelos comunistas, fato esse que resultou no assassinato de um correlegionário do Partido Integralista, o bauruense Roque Rosica. Durante grande comemoração Mariana de todo o Estado de São Paulo, realizada em Bauru no dia 18 de novembro de 1934, aconteceu a inauguração da igreja de Santa Teresinha. Na oportunidade, um avião, sobrevoando o local, derramou pétalas de rosa, símbolo da vida e de ação da Santa Padroeira do tradicional templo religioso. No futebol, em 1934, após realizar bela campanha, a equipe do Smart sagrou-se campeã bauruense. Esse clube, fundado em meados dos anos 20, foi campeão apenas uma vez pelo certame patrocinado pela então Federação Bauruense de Futebol e, por algum tempo, teve o seu campo na rua Manoel Bento Cruz, confluência com a 13 de Maio. Em 18 de março de 1935 graças ao empenho do governo municipal - prof. José Guedes de Azevedo - e do diretor da E.F.Noroeste do Brasil - cel. Marinho Lutz - foi instalado em Bauru o Núcleo de Ensino Profissional, que teve como primeiro diretor o professor Fortunato Lombardi, passando a funcionar inicialmente em salas dos 1º e 3º Grupos Escolares. No calendário histórico de Bauru, a data de 28 de maio de 1935 tem um significado todo especial, pois naquele dia aconteceu a aula inaugural do antigo Ginásio do Estado, a cargo do saudoso professor Antônio Xavier de Mendonça, cujas solenidades foram realizadas na antiga Sociedade Espanhola, que funcionava na quadra seis da rua Agenor Meira. Nesse mesmo ano e mês, dia 29, outro importante benefício Bauru alcançava no setor educacional com o registro, na diretoria geral de Ensino de São Paulo, do Liceu Noroeste, que tinha em sua direção o professor José Ranieri. Em 30 de Julho de 1935 a avenida Pedro de Toledo recebeu essa denominação em uma homenagem póstuma ao governador de São Paulo, quando da Revolução de 1932. Antes, era chamada de rua Sorocabana, nome este que foi dados a outra artéria. O E.C.Noroeste, o remanescente do velho futebol bauruense, inaugurou o seu segundo campo de futebol (o primeiro estava localizado na rua Azarias Leite, esquina com a 1º de Agosto), no dia 1º de setembro de 1935, justamente na data do seu aniversário, onde hoje se localiza o Centro de Saúde. Para comemorar o evento, o alvirrubro convidou o Campinas F.C. e perdeu por 1 a zero. Por decreto do então Interventor(hoje governador) do Estado de São Paulo, em 14 de janeiro de 1936 foi criado o Distrito de Paz de Vila Falção, cujo cargo de escrivão passou a ser ocupado por Nélson de Barros Sampaio. Outro acontecimento de relevo para Bauru foi a fundação, no dia 28 de janeiro de 1936, do Rotary Clube, conforme reunião que aconteceu no restaurante do Hotel Central, cujo primeiro presidente eleito foi o engenheiro Alfredo de Castilho, então diretor da E.F.Noroeste do Brasil. Terminada a Revolução uma campanha por parte dos estudantes da época, a fim de se construir um monumento ao Soldado Paulista, cuja inauguração, com muitas festas, aconteceu quando era prefeito o médico João Bráulio Ferraz(que também participou do movimento revolucionário), no dia 9 de julho de 1936. A vida católica bauruense se movimentou no dia 24 de dezembro de 1936, com a inauguração da Capela da Santa Casa, com as cerimônias sendo oficiadas pelo vigário de Bauru da época, padre João Van der Hulst. Uma singular notícia publicada no jornal "Correio da Noroeste", de José Fernandes, no dia 22 de abril de 1937, colocou o nome de Bauru no noticiário da imprensa nacional, quando um ferroviário levou à redação do jornal um ovo de galinha com uma inscrição alusiva a Getúlio Vargas. O fato repercutiu até mesmo no Congresso Nacional. Antigamente, como era difícil de se conseguir maiores benefícios para a cidade, visto os problemas quanto à comunicação, no dia 29 de abril de 1937 uma comissão de bauruenses e pessoas da região, lideradas por José da Silva Martha, viajou para São Paulo, a fim de pedir ao então governador do Estado, Cardoso de Melo Neto, que a bitola larga da Cia Paulista de estradas de Ferro Chegasse a Bauru o mais rápido possível. Dez anos depois o benefício aconteceu... Vila Falcão, um dos mais populosos bairros bauruenses, no passado muito batalhou para que ali fosse instalada uma agência dos Correios e, graças ao antigo morador Duarte da Silva, que cedeu gratuitamente, por alguns anos, um prédio de sua propriedade, na av. Alfredo Maia, a fim de que ali funcionasse a agência; no dia 18 de maio de 1937 o desejado melhoramento foi inaugurado com festas. A ligação por ferrovia - Bauru - Piratininga - chegou a ser um sonho dos bauruenses e esse melhoramento, finalmente, veio a acontecer no dia 23 de junho de 1937, após muita luta e vários pedidos feitos às autoridades estaduais. Quanto ao lazer, no dia 26 de março de 1938 Bauru ganhou uma importante casa de espetáculos cinematográficos, ou seja, o Cine Bauru, na época um dos maiores e mais modernos do Interior, que funcionava na quadra 7 da rua 1º de Agosto, ao lado do local onde hoje se localiza o Banco do Brasil. Na inauguração foi apresentado o filme "As Três Pequenas do Barulho", com Deanna Durbin. Em 1939, o time de futebol do Ginásio Guedes de Azevedo, formado unicamente por alunos e professores, foi campeão invicto da cidade, no certame promovido pela Federação Bauruense de Futebol, quebrando, assim, a série de vitórias do Lusitana F.C. e do E.C.Noroeste, equipes que por muito tempo mantiveram a hegemonia desse esporte da cidade. Dos mais festivos para Bauru foi o dia 20 de julho de 1938, quando a população recebia a histórica visita de Getúlio Vargas, bem como do interventor Adhemar de Barros. Getúlio e comitiva pernoitaram na Fazenda Val de Palmas e Bauru se engalanou toda para recepcionar os ilustres visitantes. A vida social bauruense, no dia 8 de abril de 1939, viveu uma noite de gala face a inauguração do Automóvel Clube, em um acontecimento marcante para a então Capital da Terra Branca. Iniciado em 1937, dois anos depois, sob a presidência do médico Sylvio Miraglia, a cidade ganhava um majestoso Clube. Também naquele dia, precisamente às 14 h, importante reunião aconteceu nas instalações da Sudan, quando foi definida a fundação do Aero Clube, que teve como primeiro presidente o cel. Marinho Lutz, na época diretor da E.F.Noroeste do Brasil. O mundo educacional bauruense, no dia 22 de julho de 1939, viveu momentos de intensa vibração, face a inauguração do edifício próprio do Ginásio do Estado(atualmente EEPSG Ernesto Monte), onde funciona até hoje e que na época tinha como diretor o professor Antônio Cristino Cabral. O acontecimento foi tão importante que contou com a presença do então interventor do Estado de São Paulo, Adhemar de Barros. Na agenda histórica da terra bauruense, a data de 1º de setembro de 1939 é das mais significativas, pois naquele dia aconteceu a inauguração da Estação da E.F.Noroeste do Brasil(Hoje RFFSA), que passou a servir também às ferrovias Sorocabana e Paulista(atualmente elas integram a FEPASA). As obras foram iniciadas em 1935, na gestão do engenheiro Alfredo de Castilho e concluídas na administração Marinho Lutz.

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